terça-feira, 31 de março de 2009

Prémio "...morrer da cura, é que não..."

Arsénio na água que abastecia balneário atrasa obra do SPA das Furnas
Regional | 2009-03-31 08:30

O elevado nível de arsénio encontrado nas águas provenientes da nascente que abastecia os balneários da termas das Furnas obrigou a ASTA Atlântida a procurar uma nascente alternativa que desse garantias de saúde aos utilizadores do futuro Hotel SPA das Furnas.
O problema começou a ser detectado há mais de um ano, quando a obra de recuperação das termas já estava em curso e começaram a ser feitas com periodicidade análises à água da Caldeira Grande.
Houve alturas, concretamente em Setembro de 2007, em que os valores de arsénio registados ultrapassavam os 830 microgramas por litro, quando o valor máximo permitido por lei, na actual directiva comunitária 67/548, é de 50 microgramas por cada litro no caso das águas para tratamentos, pois no que respeita às aguas para deglutir este valor ainda é menor, ressalvando-se os 5 microgramas por litro.
Ao que o Açoriano Oriental conseguiu apurar, estes valores não constituíam uma novidade, pois houve momentos em que "até eram superiores".
Desde então, a equipa que integra o INOVA e as Universidades de Coimbra e de Aveiro procedeu à análise de todas as nascentes da freguesia para encontrar uma nascente alternativa que garantisse o abastecimento em quantidade e qualidade desejadas, em que a composição química sobreponível fosse idêntica à da Caldeira Grande, mas sem arsénio.
Essa nascente está encontrada e localiza-se a norte da rua que dá acesso ao edifício das termas, "aguardando-se as devidas licenças para iniciar o furo e a captação da água ", adiantou ao Açoriano Oriental Vânia Paim, do Grupo ASTA Atlântida, reconhecendo mais este embaraço que vai implicar também a utilização de novas tubagens "bem como equipamentos que procedam ao aquecimento ou arrefecimento das águas, conforme for necessário".
A gestora garante que só depois de toda esta operação concluída é que a cobertura do hotel será montada e aberta esta estância termal, sem avançar datas em concreto.
Além das nascentes foram igualmente alvo de monitorização as lamas retiradas da Caldeira dePêro Botelho, de onde sairão as lamas necessárias aos tratamentos a efectuar no SPA. Mas neste caso, e até à data, não foi detectada a presença de arsénio em quantidade nefasta para a saúde humana.
O Furnas SPA Hotel, integrado na rede de estâncias termais nacionais, estará obrigado a proceder a esta monitorização sistemática.
O arsénio lixiviado das rochas e encontrado na nascente da Caldeira Grande poderá existir noutras nascentes de água a elevadas temperaturas, pois a presença deste tipo de elementos químicos é "natural" e insere-se naquilo a que os geólogos chamam de "poluição natural resultante de um processo vulcânico em profundidade", segundo avançou ao AO Virgílio Cruz, da Universidade dos Açores.
A contaminação da fonte natural que abastecia as termas foi uma das razões que atrasou o processo de conclusão desta obra. Mas não foi o único. O projecto de arquitectura inicial também foi alterado, tendo-se acrescentado mais 11 quartos aos 44 inicialmente previstos. O SPA foi igualmente ampliado, passando a uma área de 1000m2, tendo sido também desenhada uma nova sala de refeições bem como uma zona social de esplanada.
Alterações que obrigaram a ASTA Atlântida a reequacionar o investimento, que passou de 6 para 10 milhões de euros.
Este projecto é um investimento associado ao Hotel Casino Príncipe do Mónaco e insere-se no chamado turismo de saúde e bem-estar.
O Furnas SPA Hotel terá 4 estrelas e, juntamente com o investimento nas Termas do Carapacho, na Graciosa, fará parte da promoção "da saúde pela água".
Estas termas permitirão o acompanhamento e tratamento de doenças de pele, respiratórias e reumatológicas.
Carmo Rodeia

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